23 de maio de 2018

Luto Quixote contra moinhos?




Luto, Quixote, contra moinhos?
Quem são os moinhos que me enfrentam?
Gigantes, algo assim, parecidos…
São ventos de longe que avançam.

Luto com esperança Dulcineia
Não ficarei senão pela vitória
A força rebenta-me a veia…
Dos fracos não reza a história.

Que bela esta história, engraçada…
Bonita até, pobre louco…
Se de verdade, no entanto for chorada,
Então muda tudo um pouco.

Quem sabemos que vive assim?
Quem e quantos somos nós?
Na verdade não sei se para mim,
Não parece estarmos sós…

Sancho que me ajudas,
Gritas moinhos e rogas a Deus,
Não vês tu que ou estás e mudas
Ou não tenho gigantes meus?

Comigo contra eles avança!
Vamos fiel amigo!
Olha-os e vem Sancho Pança,
Vem morrer comigo…

Amada Dulcineia, minha história,
Tenho-te a honra, tenho vergonha
Levo-te vento, levo-te a glória,
Não te tenho, sou o que sonha…


Mário L. Soares
D. Quixote, desenho de Júlio Pomar