Luto, Quixote, contra moinhos?
Quem são os moinhos que me enfrentam?
Gigantes, algo assim, parecidos…
São ventos de longe que avançam.
Luto com esperança Dulcineia
Não ficarei senão pela vitória
A força rebenta-me a veia…
Dos fracos não reza a história.
Que bela esta história, engraçada…
Bonita até, pobre louco…
Se de verdade, no entanto for chorada,
Então muda tudo um pouco.
Quem sabemos que vive assim?
Quem e quantos somos nós?
Na verdade não sei se para mim,
Não parece estarmos sós…
Sancho que me ajudas,
Gritas moinhos e rogas a Deus,
Não vês tu que ou estás e mudas
Ou não tenho gigantes meus?
Comigo contra eles avança!
Vamos fiel amigo!
Olha-os e vem Sancho Pança,
Vem morrer comigo…
Amada Dulcineia, minha história,
Tenho-te a honra, tenho vergonha
Levo-te vento, levo-te a glória,
Não te tenho, sou o que sonha…
Mário L. Soares
D. Quixote, desenho de Júlio Pomar